Do mesmo modo como na alquimia é possível a transformação de um metal não nobre em ouro, assim também é com a dor. Inerente à condição humana, pode se transformar numa ferramenta de autotransformação e ampliação de consciência a depender da forma como é encarada.
Temos uma tendência a querer evitar a dor e ir ao encontro apenas daquilo que é prazeroso, porém ela é fundamental no nosso processo de crescimento, criatividade e expansão dos nossos potenciais.
Não se trata aqui de uma atitude masoquista e nem de achar que não seja possível crescer sem ela mas é inegável que quando sofremos, somos “convidados” a sair da nossa zona de conforto, a repensar o modo como funcionamos e a superar aquela dificuldade.
Ou como dizia Rubem Alves: “Ostra feliz não produz pérolas”. Somente quando a ostra é invadida pelo grão de areia é que algumas desenvolvem um mecanismo de defesa, passam a secretar certas substâncias químicas que vão envolvendo aquele elemento invasor para aparar as arestas, criando a pérola.
Assim também somos nós diante da dor. Porém, não é a circunstância dolorosa em si que permite a nossa “pérola”. Há pessoas que diante dela, só se tornam mais amargas. Portanto, para que esse processo transformador seja possível, é fundamental a nossa atitude de elaboração dos lutos e de desenvolvimento da resiliência que pode ser entendida a meu ver, não apenas como uma habilidade adaptativa e de recuperação do bem estar mas uma capacidade de expansão de consciência, de uma maior maturidade emocional, no desenvolvimento de manejos mais interessantes frente às dificuldades e até mesmo, na descoberta de novos talentos e possibilidades.