Embora a maioria das pessoas negue em si a inveja, ela faz parte da experiência humana e em maior ou menor grau tanto podemos ser alvo da inveja alheia, como invejar o que o outro tem ou é e que secretamente admiramos mas não nos sentimos capacitados para ter ou ser daquela forma. É um sentimento que implicitamente traz em si, uma homenagem ao outro !
A inveja se manifesta via de regra, na comparação com pessoas mais próximas a nós ou que fazem parte do nosso círculo de relações.
Invejamos não apenas coisas mas a coisa no outro, ou seja, os seus atributos, suas habilidades, seu “élan vital”… algo que muitas vezes o dinheiro não compra.
O invejoso quer destruir o que o outro tem e ele não possui, não havendo que se falar em “inveja branca”. Esse termo além de equivocado, é um tanto quanto preconceituoso !
A inveja difere da cobiça e traz em si uma destrutividade que às vezes pode estar presente de maneira sutil por exemplo através de críticas veladas ou de comentários desqualificantes…
Sabe aquele dito popular: quem desdenha quer comprar ? É mais ou menos isso. Desdenhamos porque se eu desqualifico aquele atributo, não preciso mais invejá-lo, afinal, não era tão bom assim… Mas evidentemente, nem todo mundo tem a consciência da própria inveja e de como lida com este sentimento.
A inveja tem aspectos destrutivos não apenas pela espoliação do “objeto” invejado (In: Melanie Klein, Inveja e Gratidão e outros trabalhos -1946-1963, Ed Imago) mas porque o invejoso é um infeliz que está sempre se comparando com os outros, sem um olhar de reconhecimento e gratidão por aquilo que ele próprio tem ou é.
Esse sentimento pode estar presente em todas as relações de uma certa proximidade. O maior teste de amizade por exemplo, a meu ver, não é poder contar com a ajuda de um amigo quando estamos mal…A maior prova de amizade é sentir que GENUINAMENTE o amigo torce pelo nosso crescimento e fica feliz com as nossas conquistas !
Mas para isso, alguns requisitos básicos são necessários: uma afetividade sincera e uma certa maturidade emocional baseada num ego nutrido, com tolerância à frustração, já que nem sempre é possível ter o que o outro tem !
Cada ser é único e sempre existirão pessoas melhores, mais inteligentes, mais bonitas, mais capazes do que nós em alguma dimensão da vida, valendo o contrário também !
É a partir de um ego nutrido e mais maduro que nos tornamos capazes da admiração e também da GRATIDÃO.
A inveja, traduzida pela dor que sentimos pela felicidade alheia, fala portanto, de algo que em nós, falta e sendo assim, ao reconhecer este sentimento, existe a possibilidade de aprendermos sobre nós mesmos. O que invejamos é também o que valorizamos, o que admiramos e que talvez possa ser trabalhado e melhorado em nós.
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