Nem sempre podemos escolher o nosso trabalho ou o estilo de vida que gostaríamos de ter. E mesmo quando é possível exercer uma profissão escolhida, não é tudo o que nos agrada. Às vezes, na prática, é difícil chegar a uma equação equilibrada entre o que se gosta de fazer, o que remunera adequadamente e/ou o que permite tempo para atender a outros interesses e necessidades. O “banho” de realidade é tão intenso que fica difícil até mesmo escutar pessoas falando de “qualidade de vida” !
Nestes casos, o que ajuda algumas pessoas é descobrir um propósito naquilo que elas tem que fazer ainda que seja tão somente para considerar aquela determinada atividade como um instrumento para se chegar a algum outro lugar.
Embora não controlemos tudo, podemos ir aos poucos direcionando nossas vidas para algo que nos faça mais sentido, que tenha a ver com os nossos propósitos e aptidões, que é o que na filosofia oriental se conhece por IKIGAI.
O IKIGAI traz princípios ligados a toda uma filosofia de vida mais ampla, que não se restringe ao campo profissional, porém a proposta aqui é pensar na contribuição dos seus conceitos no direcionamento ou reposicionamento profissional. No diagrama do IKIGAI (ver o vídeo explicativo de Rafael Bauth anexo), vemos que o IKIGAI surge da intersecção entre o que a pessoa gosta de fazer, aquilo no qual ela é boa ou ao menos tem mais facilidade para aprender, aquilo de que o mundo necessita, já que é necessário que os outros se beneficiem do que temos a oferecer e por fim, aquilo pelo qual podemos vir a ser remunerados.
Nem sempre as pessoas tem clareza por exemplo do que gostam de fazer. E daí é interessante se fazer perguntas como: Se eu não tivesse que pensar em dinheiro, o que gostaria de fazer ? Quais são meus sonhos? Quais são meus hobbies (ainda que não praticados) ? Que tipo de assunto, leitura ou filme em geral eu procuro ? Qual é a minha tribo, ou seja aqueles com quem gosto de estar e por que?
Nem sempre conseguimos uma resposta ideal pensando na confluência dos 4 fatores propostos pelo diagrama mas com certeza pensar nestas questões pode nos ajudar a chegar a uma equação mais satisfatória ainda que baseada num equilíbrio dinâmico assemelhado a “andar de bicicleta”, seja porque nem sempre o que nos satisfazia há tempos atrás é o que continua em voga, seja também porque as circunstâncias e oportunidades mudam.
O bacana é que quando descobrimos nosso IKIGAI, podemos melhor aproveitar as oportunidades que surgem e fazer bom uso dos recursos que temos e que são limitados como tempo, dinheiro, saúde… Ou seja, entramos num estado de fluxo, naquilo que os taoístas chamam de WU-WEI, ou seja de uma ação baseada em pouco esforço porque pautada na espontaneidade e confiança.
Quando se atinge este ponto, até a percepção do tempo muda, somos preenchidos de tal forma que nem precisamos mais ficar olhando as horas o tempo todo, o esforço não é esforço porque a recompensa é a atividade por si mesma independente de quaisquer outros desdobramentos.
(Fonte da imagem da cerejeira: https://pixabay.com/pt/photos/flor-de-cerejeira-cereja-japonesa-1260641/)