Diante de uma situação de sofrimento, desagradável ou ainda frente a tarefas repetitivas, existe uma tendência de nossa mente de não aceitar o que se apresenta e ao devaneio excessivo. Nós ficamos com uma percepção de um tempo que custa a passar, olhamos em demasia para o relógio, nos distraímos com facilidade ou ainda, vamos para algum lugar no passado ou nos projetamos para o futuro. Não me refiro aqui a um estado de relaxamento que é benéfico para algumas funções cerebrais como consolidação de memórias e o próprio aprendizado como um todo etc. Eu me refiro aquele estado em que estamos angustiados ou tensos e só de corpo presente.
Os riscos da mente que devaneia neste caso são vários: Além da óbvia perda de foco e maior gasto de energia com as tarefas, quando fugimos do presente e nos deslocamos no tempo, o excesso de passado pode acionar vários gatilhos emocionais, como saudosismo, tristeza, arrependimento, culpa etc.
Olhar o passado e procurar extrair as lições que ele tem a nos ensinar é valioso mas, ele não é bom preditor do futuro. Ninguém dirige bem olhando o tempo todo pelo espelho retrovisor como costuma dizer Mário Sérgio Cortella.
Por outro lado, o excesso de futuro dada a sua imprevisibilidade também pode gerar medo paralisante, criando um estado mental que não é bom conselheiro. Nós nos angustiamos muito em geral por coisas que não estão sob nosso controle.
Podemos sim antecipar alguns desfechos e sermos cautelosos. Mas o fato é que o futuro (em permanente construção) sempre nos surpreende.
Eckhart Tolle no seu livro “O Poder do agora” nos lembra que uma maneira de diminuirmos o sofrimento é pelo exercício da aceitação do que se apresenta. Não significa conformismo ao contrário, tem a ver com uma postura proativa de alguém que se pergunta: Posto que é assim e que eu não tenho como mudar, o que posso fazer com isso ?
É pela via da nossa PRESENÇA e pela aceitação que paradoxalmente uma mudança se faz possível.
Embora não seja tarefa fácil é uma capacidade que pode ser treinada e ampliada (Ver Jon Kabat-Zinn na palestra ministrada em Dartmouth intitulada “ The healing power of mindfulness” disponível no Youtube).
Isto por certo não elimina a divagação de nossa mente e o propósito nem é esse mas conseguimos voltar o foco de atenção para o que nos interessa quantas vezes se fizerem necessárias e esta capacidade de direcionamento atencional tem tudo a ver com a regulação emocional.
Ao estarmos mais inteiros no agora, naturalmente nos empoderamos para construir uma vida mais satisfatória.