É difícil definir mindfulness devido a sua natureza experiencial, não por ser complexo e sim, simples demais.
Mais fácil começar falando sobre o que não é. Não é um transe hipnótico ou um estado alterado que nos torne alheios à realidade. Ao contrário, ficamos acordados, bem despertos e a ideia é perceber e aceitar sem julgamento, o que se apresenta no campo da consciência a cada momento, notando a sua impermanência. Neste sentido, é uma prática que favorece a metacognição, pela possibilidade de observarmos nossos pensamentos, sentimentos e emoções sem que estejamos emaranhados neles.
Não tem conotação religiosa nem mística. Qualquer um pode praticar e não requer posição de lótus ou qualquer outra embora seja conveniente buscar um local tranquilo e uma posição corporal confortável seja deitado ou sentado.
Não é uma técnica de relaxamento embora indiretamente possa conduzir a isso.
Não pressupõe esvaziar a mente e sim perceber o que se apresenta dentro e fora de nós, voltando o foco quantas vezes se fizerem necessárias à respiração e ao “escaneamento” das sensações do corpo, sendo possível colocar a mão sobre o abdômen ou peito caso isso ajude a pessoa a prestar atenção ao ritmo respiratório. Não é necessário alterar este ritmo mas apenas observar como o ar entra e sai.
Como consequência, a sua prática permite lidar melhor com a ansiedade na medida em que aprendemos a direcionar a nossa atenção ao que é construtivo, ampliamos a nossa percepção, e com isso evitamos o excesso de preocupações e antecipação de problemas tão típico dos estados ansiosos.
Tanto é possível reservar um horário do dia para praticá-lo com foco na respiração como podemos também exercer esta presença plena em qualquer atividade.
Ou seja, mais do que tudo, mindfulness traduz uma atitude diante da vida em que buscamos um senso de “aterramento” de estar aonde nosso corpo se situa, aceitando o que se apresenta a cada instante e procurando fazer o manejo disso de forma gentil e livre de críticas.