Há uma relação entre nossos pensamentos, as imagens mentais que criamos, as nossas crenças mais arraigadas que retratam a nossa concepção de mundo, de nós mesmos e dos outros com a nossa forma de sentir e agir.
Tudo começa com o pensamento e com a maneira como interpretamos as situações. As palavras e imagens que criamos, a forma como falamos conosco mesmo e o enquadre que damos ao que nos acontece criam uma espécie de “modelo ou programação mental” que tende a se transformar em ações consistentes naquela direção.
O problema é que nem sempre temos consciência desses processos subjacentes às ações e sobretudo, nem sempre conseguimos discernir quais as cognições que são verdadeiramente nossas, isto é, afinadas com o nosso self, com as nossas reais identificações e inclinações, daquelas que apenas introjetamos a partir de influências externas que nos foram incutidas ou que simplesmente assimilamos através da observação e repetição, sobretudo durante a primeira infância.
Somos seres relacionais e o nosso psiquismo é formado na relação com os outros. Tanto podemos não reconhecer conteúdos nossos e projetá-los como se fossem alheios, fazendo disso um mecanismo de defesa como também, enveredamos pelo movimento inverso de tomar como “nossos”, via introjeção, crenças e pensamentos que na verdade, não são genuinamente nossos.
O trabalho de discriminação do que nos pertence ou não, bem como o questionamento das crenças disfuncionais ou que trazem alguma distorção é fundamental para o bem viver, fazendo parte inseparável do “exercício” do autoamor.
A boa notícia é que da mesma forma como nossa mente foi programada e gerou padrões inconscientes, também podemos até certo ponto, reprogramá-la para melhor. O que é fundamental para o sucesso desta empreitada, é a meu ver, o engajamento sincero da própria pessoa.
É preciso uma certa dose de humildade e autoaceitação para podermos enxergar o que existe de errado na nossa programação mental e que pode ser mudado. Não é possível erradicar um problema sem antes identificá-lo com propriedade e isto requer a coragem de olhar verdadeiramente para si.