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A DOCE LEVEZA DE VIVER BEM

Autossabotagem

Muitas vezes, o nosso pior inimigo somos nós mesmos quando criamos desculpas ou dificuldades que sabotam nossos planos, nossas melhores intenções.

Na autossabotagem, a pessoa adota comportamentos que se por um lado, permitem que permaneça na zona de conforto, por outro lado a impedem de atingir objetivos mais importantes ou que demandam esforço de longo prazo.

A autossabotagem pode apresentar-se de diferentes formas como por exemplo, na procrastinação, no perfeccionismo tóxico, em que achamos que nunca temos as condições necessárias para dar o próximo passo, na automutilação, nas coisas desagradáveis que falamos para nós mesmos e que acabam reforçando inseguranças…

É comum a pessoa se autossabotar pelo medo de arriscar, de ter que lidar com eventual insucesso, por resistir a assumir a sua vida adulta… Então, prefere adotar um papel infantil na esperança de que a solução venha de uma outra pessoa.

O comportamento problemático pode também ter uma finalidade protetiva. Existem estudos por exemplo que correlacionam a compulsão alimentar com abuso sexual de modo que ao engordar, a pessoa encontra uma “solução” pois ao se tornar menos atraente, fica menos  vulnerável a predação. O comportamento autossabotador está a serviço de alguma necessidade psicológica que precisa ser tornada consciente a fim de que se possa encontrar uma outra solução.

Mas claro, cada caso é um caso. A pessoa pode por exemplo, se boicotar simplesmente porque aquele objetivo não estava calcado numa real motivação (interna), estando o “locus de controle” fora de si, sem que tenha se “apropriado” daquela ideia.

A autossabotagem tem uma ligação com crenças disfuncionais a respeito de nós mesmos, dos outros e do mundo, guardando relação com a nossa experiência e embora muitas vezes sejam inconscientes, regem nossos comportamentos e escolhas.

Uma pessoa que não acredita ser merecedora do amor, que não se sinta boa o suficiente ou provida de qualidades para ser amada incondicionalmente, por exemplo, pode se autossabotar ao escolher parceiros indisponíveis emocionalmente ou já comprometidos.

Quando há uma competição ainda que velada entre pais e filhos por exemplo, um deles pode sabotar o próprio desenvolvimento profissional a fim de não oferecer ameaças ao outro e assim, evitar a rivalidade, supostamente “assegurando o amor”.

A autossabotagem traduz via de regra, uma “profecia autorrealizadora” por confirmar crenças disfuncionais, o que pode paradoxalmente proporcionar um certo alívio da angústia por nos sentirmos “no controle” da situação.

O nosso psiquismo não trabalha bem com informações conflitantes. Como posso ao mesmo tempo por exemplo, ter uma crença de que não dou conta de uma certa situação e ao mesmo tempo, demonstrar eficácia e auto-gerenciamento ? A dissonância cognitiva produz muita ansiedade de modo que para criarmos um “todo” coeso, podemos agir inconscientemente na contramão de nossos melhores interesses, diante de ganhos secundários.

Para entendermos a serviço do que existe aquela autossabotagem, é fundamental integrar as nossas sombras como dizia Carl Jung a partir de uma auto-observação cuidadosa em que procuramos compreender e desafiar nossas crenças subjacentes e os automatismos por elas gerados.